Sim. Em Tubarão tivemos negros
escravos, homens e mulheres que vieram para nossa região forçados, com um só
objetivo: trabalhar. Mas porque muita gente não sabe disto? Porque a maioria
dos livros de história da nossa região não contam essa história? O professor
tubaronense Paulo H. Lúcio nos ajuda a responder: “Igual a muitas vilas do
Brasil Império, Tubarão também possuiu escravos (...) grande parte da sociedade
tubaronense ainda desconhece essa questão. Isso tem relação com a
historiografia da região Sul que dá maior visibilidade aos acontecimentos
ligados a imigração europeia”. A
escravidão é um dos fatos mais marcantes e tristes da História do Brasil,
compreender seu processo nos faz entender a origem do preconceito étnico
presente atualmente, nos faz entender o porquê grande parte dos afros
brasileiros hoje é vitima da pobreza e da violência.
Os escravos chegaram a Tubarão
juntamente com os primeiros sesmeiros e arrendatários, ou seja, os primeiros
proprietários de terras, isso após 1774, junto com os donos das terras os
negros vieram para trabalhar, forçados, nas terras. Eram considerados um bem,
um objeto por seus “proprietários”, possuiam escrituras e possuíam um alto
valor comercial. Para se ter uma idéia, um escravo custava o mesmo que uma
junta de bois (nome dado a uma dupla de bois utilizado para tração, como puxar
carros de bois), era mais caro comprar um escravo do que terras. No Arquivo
Público e Histórico de Tubarão está armazenado uma riquíssima coleção de
documentos sobre esse período de nossa História, lá estão escrituras,
inventário e Ações de Liberdade de Escravos, onde mostram a relação entre os
escravos e seus donos, uma relação onde o negro era um objeto, quando um
proprietário morria, deixava de herança animais, terras, carroças e escravos.
Em Tubarão o número de escravos por família poderia chegar a 10, uma criança de
10 anos valia cerca de setecentos mil réis, para se ter um idéia quatro touros
valiam na época cem mil réis.
Entre meados e o final do século
19, segundo Paulo H. Lúcio, teriam vivido em Tubarão cerca de 92 escravas com
quase 280 crianças. No ano de 1866, tínhamos cerca de 4.600 habitantes destes,
615 escravos. Houve resistência por parte de alguns negros que viam na fuga o
modo de se livrar do trabalho forçado e dos maus tratos, na região se formaram
alguns núcleos aonde iam se refugiar, um deles na região do Sertão dos Corrêas
Não se pode afirmar que tivemos quilombos, este fato merece uma pesquisa mais
profunda.
Mesmo após a Abolição da
Escravatura em 1888 os negros não eram livres, mudou a lei, mas as condições de
vida não, eles continuam a sofrer com um preconceito inexplicável, era comum os
negros não poderem freqüentar vários lugares, como clubes, isso até poucas
décadas atrás, fundaram seus próprios clubes e quando eram aceitos havia uma
divisória no salão, não podiam se misturar era inaceitável um casamento entre
negro e branca.
Não bastou serem forçados a abandonar seu
continente, sofrer na travessia do Atlântico nos terríveis navios negreiros,
serem obrigados a se submeter a trabalhos forçados sem receber nada em troca
recebendo castigos e humilhações totalmente desumanas, serem abandonados pelos
governos por décadas e ainda sofrem simplesmente pelo fato de serem negros.
Temos que mudar nossa cultura, crianças não nascem com preconceitos, elas
aprendem em casa.
Vamos mudar nossa mentalidade, evoluir, tratar a todos com
igualdade.
Parabéns pelo Blog. Continue trazendo para nós as histórias de Tubarão!
ResponderExcluirUma dica: para aumentar o número de leitores, diminua os textos e coloque em evidência as partes mais importantes.
Sucesso.