sexta-feira, 19 de maio de 2017

Escravos em Tubarão? Como assim?

Sim. Em Tubarão tivemos negros escravos, homens e mulheres que vieram para nossa região forçados, com um só objetivo: trabalhar. Mas porque muita gente não sabe disto? Porque a maioria dos livros de história da nossa região não contam essa história? O professor tubaronense Paulo H. Lúcio nos ajuda a responder: “Igual a muitas vilas do Brasil Império, Tubarão também possuiu escravos (...) grande parte da sociedade tubaronense ainda desconhece essa questão. Isso tem relação com a historiografia da região Sul que dá maior visibilidade aos acontecimentos ligados a imigração europeia”.  A escravidão é um dos fatos mais marcantes e tristes da História do Brasil, compreender seu processo nos faz entender a origem do preconceito étnico presente atualmente, nos faz entender o porquê grande parte dos afros brasileiros hoje é vitima da pobreza e da violência.

Os escravos chegaram a Tubarão juntamente com os primeiros sesmeiros e arrendatários, ou seja, os primeiros proprietários de terras, isso após 1774, junto com os donos das terras os negros vieram para trabalhar, forçados, nas terras. Eram considerados um bem, um objeto por seus “proprietários”, possuiam escrituras e possuíam um alto valor comercial. Para se ter uma idéia, um escravo custava o mesmo que uma junta de bois (nome dado a uma dupla de bois utilizado para tração, como puxar carros de bois), era mais caro comprar um escravo do que terras. No Arquivo Público e Histórico de Tubarão está armazenado uma riquíssima coleção de documentos sobre esse período de nossa História, lá estão escrituras, inventário e Ações de Liberdade de Escravos, onde mostram a relação entre os escravos e seus donos, uma relação onde o negro era um objeto, quando um proprietário morria, deixava de herança animais, terras, carroças e escravos. Em Tubarão o número de escravos por família poderia chegar a 10, uma criança de 10 anos valia cerca de setecentos mil réis, para se ter um idéia quatro touros valiam na época cem mil réis.

Entre meados e o final do século 19, segundo Paulo H. Lúcio, teriam vivido em Tubarão cerca de 92 escravas com quase 280 crianças. No ano de 1866, tínhamos cerca de 4.600 habitantes destes, 615 escravos. Houve resistência por parte de alguns negros que viam na fuga o modo de se livrar do trabalho forçado e dos maus tratos, na região se formaram alguns núcleos aonde iam se refugiar, um deles na região do Sertão dos Corrêas Não se pode afirmar que tivemos quilombos, este fato merece uma pesquisa mais profunda.

Mesmo após a Abolição da Escravatura em 1888 os negros não eram livres, mudou a lei, mas as condições de vida não, eles continuam a sofrer com um preconceito inexplicável, era comum os negros não poderem freqüentar vários lugares, como clubes, isso até poucas décadas atrás, fundaram seus próprios clubes e quando eram aceitos havia uma divisória no salão, não podiam se misturar era inaceitável um casamento entre negro e branca.


 Não bastou serem forçados a abandonar seu continente, sofrer na travessia do Atlântico nos terríveis navios negreiros, serem obrigados a se submeter a trabalhos forçados sem receber nada em troca recebendo castigos e humilhações totalmente desumanas, serem abandonados pelos governos por décadas e ainda sofrem simplesmente pelo fato de serem negros. Temos que mudar nossa cultura, crianças não nascem com preconceitos, elas aprendem em casa.
Vamos mudar nossa mentalidade, evoluir, tratar a todos com igualdade.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo Blog. Continue trazendo para nós as histórias de Tubarão!

    Uma dica: para aumentar o número de leitores, diminua os textos e coloque em evidência as partes mais importantes.

    Sucesso.

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