sexta-feira, 30 de junho de 2017

Ponte de Arame

A primeira Ponte Pênsil para pedestres, inaugurada em 2 de agosto de 1964, foi construída durante o primeiro mandato do Prefeito Dilney Chaves Cabral (1961 a 1965). A inauguração contou com a presença do Prefeito Dilney, do Bispo Dom Anselmo Pietrulla (que foi o primeiro Bispo da Diocese de Tubarão e que atuou de maio de 1955 a setembro de 1981), demais autoridades e comunidade local.

Com a enchente de 1974, a Ponte foi destruída pela força das águas. Em 1975, o Prefeito Municipal Dr. Irmoto José Feuerschuette, (Gestão 1973-1976), , reconstruiu a Ponte Pênsil.

A travessia, construída sem colunas no vão central, liga a margem direita à esquerda do Rio Tubarão, em frente ao Colégio Dehon (hoje UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina), Avenida Marechal Deodoro e Rua Acácio Moreira, respectivamente. A Ponte Pênsil tem 150 metros de suspensão por cabos. As torres que sustentam os dois extremos medem 17 metros de altura e suportam 27 toneladas. 

A Ponte Pênsil, também é conhecida como Ponte de Arame, é uma das principais ligações entre os Bairros Dehon e Oficinas. Atualmente a Ponte está interditada devido a danos sofridos pelo vendaval de 16 de outubro de 2016 e em breve uma nova travessia poderá ser construída ao lado, de concreto, e o destino da atual ponte ainda é incerto. 


Ponte destruída em 2016

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Monumento a Anita Garibaldi.


Esse monumento dedicado a Anita Garibaldi é cercado de símbolos. Foi inaugurado em dezembro de 1932 e tem uma história pouco conhecida, principalmente no que se refere a quem patrocinou sua construção, o Fascismo Italiano. Fora da Itália são poucos os monumentos com símbolos Fascistas.

Muitos italianos na região apoiavam o fascismo e com a idéia de idolatrar heróis nacionais decidiu - se erguer na localidade de Morrinhos um monumento a Anita Garibaldi. Seria ali o suposto local e nunca comprovado do nascimento de Anita.
Faz parte do monumento ainda um canhão colocado em 1937 pelo Batalhão Escola do Exército, um falso poço, um painel feito pelo artista Willy Zumblick em 1985 retratando o encontro de Anita e Giuseppe Garibaldi, outro painel feito pelo escultor Dorival M. Oliveira exaltando Anita e algumas placas de bronze em alusões a datas comemorativas.



sexta-feira, 26 de maio de 2017

A Criação do município de Tubarão


Dia 27 de maio de 1870 conquistamos nossa Emancipação de Laguna, foi promulgada através da lei 635 da Assembléia Legislativa Provincial. Enfim foi criado o Município do Tubarão, éramos categorizados por Vila,  e não éramos pequenos, Tubarão tinha uma área de 8225km², íamos de Laguna até a fronteira com o Rio Grande do Sul, do litoral até o pé da Serra, com cerca de 13000 habitantes sendo a agricultura e o comércio as principais atividades econômicas. Em junho de 1871 foi instalada a Câmara de Vereadores, a comarca criada em 1875 e instalada em 1876 e em 07 de novembro de 1890 a Vila de Tubarão virou Cidade.

27 de maio de 1870 é a data oficial em que celebramos o aniversario de Tubarão, a data em que marca nossa independência, nosso começo enquanto município sem depender politicamente de outros, enfim estávamos prontos para prosperar, crescer,nossas bases estavam montadas e firmes.


sexta-feira, 19 de maio de 2017

Escravos em Tubarão? Como assim?

Sim. Em Tubarão tivemos negros escravos, homens e mulheres que vieram para nossa região forçados, com um só objetivo: trabalhar. Mas porque muita gente não sabe disto? Porque a maioria dos livros de história da nossa região não contam essa história? O professor tubaronense Paulo H. Lúcio nos ajuda a responder: “Igual a muitas vilas do Brasil Império, Tubarão também possuiu escravos (...) grande parte da sociedade tubaronense ainda desconhece essa questão. Isso tem relação com a historiografia da região Sul que dá maior visibilidade aos acontecimentos ligados a imigração europeia”.  A escravidão é um dos fatos mais marcantes e tristes da História do Brasil, compreender seu processo nos faz entender a origem do preconceito étnico presente atualmente, nos faz entender o porquê grande parte dos afros brasileiros hoje é vitima da pobreza e da violência.

Os escravos chegaram a Tubarão juntamente com os primeiros sesmeiros e arrendatários, ou seja, os primeiros proprietários de terras, isso após 1774, junto com os donos das terras os negros vieram para trabalhar, forçados, nas terras. Eram considerados um bem, um objeto por seus “proprietários”, possuiam escrituras e possuíam um alto valor comercial. Para se ter uma idéia, um escravo custava o mesmo que uma junta de bois (nome dado a uma dupla de bois utilizado para tração, como puxar carros de bois), era mais caro comprar um escravo do que terras. No Arquivo Público e Histórico de Tubarão está armazenado uma riquíssima coleção de documentos sobre esse período de nossa História, lá estão escrituras, inventário e Ações de Liberdade de Escravos, onde mostram a relação entre os escravos e seus donos, uma relação onde o negro era um objeto, quando um proprietário morria, deixava de herança animais, terras, carroças e escravos. Em Tubarão o número de escravos por família poderia chegar a 10, uma criança de 10 anos valia cerca de setecentos mil réis, para se ter um idéia quatro touros valiam na época cem mil réis.

Entre meados e o final do século 19, segundo Paulo H. Lúcio, teriam vivido em Tubarão cerca de 92 escravas com quase 280 crianças. No ano de 1866, tínhamos cerca de 4.600 habitantes destes, 615 escravos. Houve resistência por parte de alguns negros que viam na fuga o modo de se livrar do trabalho forçado e dos maus tratos, na região se formaram alguns núcleos aonde iam se refugiar, um deles na região do Sertão dos Corrêas Não se pode afirmar que tivemos quilombos, este fato merece uma pesquisa mais profunda.

Mesmo após a Abolição da Escravatura em 1888 os negros não eram livres, mudou a lei, mas as condições de vida não, eles continuam a sofrer com um preconceito inexplicável, era comum os negros não poderem freqüentar vários lugares, como clubes, isso até poucas décadas atrás, fundaram seus próprios clubes e quando eram aceitos havia uma divisória no salão, não podiam se misturar era inaceitável um casamento entre negro e branca.


 Não bastou serem forçados a abandonar seu continente, sofrer na travessia do Atlântico nos terríveis navios negreiros, serem obrigados a se submeter a trabalhos forçados sem receber nada em troca recebendo castigos e humilhações totalmente desumanas, serem abandonados pelos governos por décadas e ainda sofrem simplesmente pelo fato de serem negros. Temos que mudar nossa cultura, crianças não nascem com preconceitos, elas aprendem em casa.
Vamos mudar nossa mentalidade, evoluir, tratar a todos com igualdade.

terça-feira, 16 de maio de 2017

E os nativos dessas terras, o que aconteceu com eles?


Particularmente refiro-me aos “índios” como povos nativos, prefiro esse termo, são eles os verdadeiros donos dessas terras, nasceram e viveram aqui, são nativos verdadeiros. A História por muito tempo considerava que nosso país passou a existir somente depois de 1500, com a chegada do europeu por essas terras, mas hoje a historiografia já mostra que o Brasil era habitado ha cerca de treze mil anos. Quando os portugueses chegaram aqui, o Brasil possuía quase cinco milhões de nativos divididos em cerca de duzentos grupos diversificados com culturas e línguas variadas, caçando, pescando, cultivando alimentos, viviam em plena harmonia com a natureza. Não foram compreendidos e respeitados pelos invasores europeus.

Nosso litoral e conseqüentemente nossa região  era habitada pelo grupo chamado Carijó, da nação Tupi-Guarani,  sua cultura e hábitos não era diferente da maioria dos outros grupos, viviam do que a natureza oferecia, cultivavam milho, mandioca, inhame e outros alimentos, segundo alguns relatos eram cerca de cem mil espalhados pelo litoral sul do Brasil. Foram os primeiros a terem contato com os europeus.

Os relatos mais antigos que citam nossa região vêm do ano de 1605, quando os missionários Jesuítas visitaram as tribos na região sul de Santa Catarina, no início eram dois padres, João Lobato e Joaquim Rodrigues, em 1616 os padres João Fernandes e João de Almeida visitaram a região, deixaram escritos sobre o modo de vida dos nativos, relataram que eram cordiais, recebiam bem os invasores.Sua cordialidade lhes deram um triste destino, no porto de Laguna foram embarcados a força mais de dez mil nativos para serem escravos nas lavouras de cana de açúcar do nordeste, houve resistência, seu modo de vida livre fazia com que não aceitassem a escravidão, foram mortos por isso, no final do século 18 os Carijós desapareceram de nosso litoral.

Quem dominava a região entre o litoral e a serra era o grupo nativo chamado Xokleng. Esse povo vivia nas florestas da região, andavam de um lugar para outro em busca de alimento, a mata atlântica fornecia tudo o que precisavam para viver. O fim dos xokleng começou na segunda metade do século XIX quando imigrantes começaram a ocupar o território dominado por eles, os imigrantes derrubaram as matas, fizeram plantações, os nativos não conheciam o conceito de propriedade privada, houve ataques dos nativos contra os imigrantes, os confrontos eram inevitáveis, porém um lado conhecia o poder da pólvora e da bala, do facão, o outro ainda estava na “Idade da Pedra”. Segundo o historiador Nivaldo A. Goulart “Eram dois mundos que se colocavam frente a frente, com valores e visão de mundo opostos desde a raiz. A luta seria implacável e só  um lado iria prevalecer”. O resultado desse choque cultural foi o extermínio de forma extremamente violenta de um povo, uma cultura.

Os povos nativos perderam suas terras, seus alimentos, sua vida, dos quase 5 milhões que viviam aqui na época do “descobrimento”  hoje restam poucos mais de 800 mil, muitos ainda sofrem com ações violentas, são mortos, perseguidos, mutilados, a maioria vive na miséria, a cultura do homem branco ainda não entendeu a forma de vida nos nativos, a liberdade, o contato com a natureza, ainda olhamos para os nativos com pré-conceito, não respeitamos sua cultura suas tradições, não bastou invadirmos seu território e  quase exterminá-los?



sexta-feira, 12 de maio de 2017

Nossas raízes


Tubarão é uma cidade multicultural. Isto é fato. Atribuir a algum grupo étnico nossas raízes é negar outros.  E para afirmar isto é necessário conhecer nosso processo de formação. O começo de nossa história é diferente da grande maioria das cidades, Tubarão não foi colônia, não teve um fundador direto.

O processo de ocupação de nossas terras se confunde com o caminho que ligava Lages a Laguna, Tubarão servia de entreposto, ou seja, de troca de mercadorias, tropeiros desciam a serra com produtos serranos, barqueiros viam de Laguna com produtos litorâneos, se encontravam e trocavam os produtos no lugar chamado Poço Grande do Rio Tubarão, e essa foi a primeira denominação oficial de nosso município, o Poço Grande onde se localizava o entreposto fica hoje no bairro São João. Pertencíamos a Laguna.  Isto se iniciou no ano de 1773. Com a necessidade de manter o controle dessas terras, o governo imperial dividiu o território de Tubarão em Sesmarias,  concedeu pedaços de terras para algumas pessoas, com o objetivo de cultivarem e ocuparem o território.  A data da assinatura da primeira sesmaria é de 05 de agosto de 1774 e foi concedida ao Capitão João da Costa Moreira  e ao sargento-mor Jacinto Jaques Nicós, esse é o registro histórico oficial mais antigo de nossa cidade, que marca a ocupação de nosso território e início efetivo do povoamento.

Como era de costume, a maioria dos sesmeiros não vieram morar nas terras que lhes foram concedidas, era comum mandarem agregados ou arrendatários com o objetivo de construírem suas residências e cultivar as terras. Os primeiros moradores de Tubarão eram vicentistas, ou seja, portugueses nascidos no Brasil que vieram da região de São Paulo para Desterro (hoje Florianópolis) e Laguna e depois Tubarão, juntos trouxeram seus escravos, isto mesmo, em Tubarão tivemos um grande números de escravos africanos que sofreram as  mesmas brutalidades que os escravos de outras regiões. No mesmo período grupos de pessoas chamados de mamelucos também vieram para cá, mameluco é o indivíduo que nascia da miscigenação do índio com o homem branco.
As colônias açorianas estavam crescendo na região, havia um núcleo em Imbituba e de lá iam migrando, se deslocando e muitos se fixaram na região de Tubarão, recebemos muitos imigrantes açorianos que trouxeram e mantiveram sua cultura e hábitos e que contribuiu efetivamente para a formação cultural de Tubarão.

 Portanto os primeiros grupos a ocuparem nosso território eram homogêneos, mas com uma presença marcante do imigrante português, que nos deixou um legado cultural forte, principalmente no aspecto religioso, ao qual a antiga catedral tinha sua arquitetura a característica açoriana e alguns elementos ainda presentes na nossa cidade como o boi de mamão e o pau de fita. Somente no ano de 1874 um pequeno grupo de imigrantes alemães se instalou na região do Vale do Braço do Norte, e no ano de 1877 os primeiros imigrantes de origem italiana se instalaram na Colônia Azambuja, ambos os territórios pertenciam a Tubarão e com o passar dos anos alguns imigrantes e seus descendente vieram morar onde hoje está a cidade de Tubarão.


Nossas raízes culturais de maneira mais efetiva vêm dos brasileiros (mamelucos), africanos, açorianos, italianos, alemães e ainda em menor número poloneses, sem esquecer os grupos nativos, que apesar de serem brutalmente expulsos de suas terras e caçados como animais até sua extinção nos deixaram um legado cultural riquíssimo. Tubarão é a cara do Brasil, se percebe nos traços do tubaronense essa miscigenação, cada etnia nos deixou legados que criaram uma identidade multicultural linda e rica a nossa cidade.


terça-feira, 9 de maio de 2017

O começo de tudo... Os primeiros habitantes dessas terras...


É comum quando estudamos a História de nossa cidade pensar que tudo começou com a chegada dos primeiros colonizadores, infelizmente é um engano. A presença humana no território de Tubarão é muito anterior a chegada de qualquer colonizador. Você sabia que essas terras já eram ocupadas a mais de 5000 anos? Mas quem eram esses habitantes? Como viviam? Como sabemos da presença deles por aqui?

Os primeiros grupos humanos que se tem registro e que habitaram nossa região foram os Sambaquis, que também habitou grande parte do litoral brasileiro, sendo caracterizados por montes de conchas, de onde vem o nome, Sambaqui é um termo Tupi Guarani que traduzido significa “monte de conchas”, e é o lugar onde o homem sambaquiano vivia depositando restos de alimentos e até sepultando seus mortos, alguns sambaquis tem mais de 5.000 anos. Nosso estado é referencia no assunto devido à grande quantidade de sambaquis encontrados aqui, sendo que a nossa região se destaca, podemos encontrar em Jaguaruna o maior sambaqui do mundo com mais de 100 mil metros quadrados. 

Em Tubarão também havia sambaquis, segundo o Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos, temos 13 registrados atualmente, nenhum intacto, todos parcialmente destruídos, como a maioria dos Sambaquis. A ação humana é a maior ameaça, a destruição era comum nas décadas de 1950 e 1960 principalmente pela ação de empresa que usavam as conchas encontradas nesses sítios como base para produção de cal, também era muito utilizado para aterros de ruas pelas prefeituras.  O estudo dos sambaquis, realizado por arqueólogos nos fornece muito sobre a vida desses habitantes que estavam aqui a mais de 5000 anos, é comum em escavações encontrar artefatos líticos, ou seja, de pedra, como reprodução de animais e ferramentas, ossos de baleias, peixes e de alguns mamíferos, restos de fogueiras, esqueletos humanos, agulhas feitas com ossos e outros materiais. Temos em Tubarão o Grupo de Pesquisa em Educação Patrimonial e Arqueologia da Unisul – Grupep, que realiza pesquisas sobre o assunto, sendo referencia em Sambaquis.

Temos Sambaquis localizados na região de Congonhas, Mato Alto, Madre, Morrinhos, Sertão dos Corrêas , um deles, no bairro Congonhas, se encontra dentro da sede de um time de futebol, chegou a ter mais de 400m de comprimento, 50 de largura e  a mais de 10m de altura, foi praticamente todo destruído por uma industria de cal que tinha bem ao lado, pode ser visitado atualmente. Também na localidade de Congonhas temos um sambaqui próximo a ponte que liga Tubarão a Jaguaruna, que foi parcialmente destruído pela abertura e alargamento da estrada.


Os Sambaquis são de grande importância para se saber como viviam os primeiros habitantes da nossa região, a maior ameaça somos nós, a falta de cuidado dos órgãos públicos contribui com essa ameaça. Muitos desses sítios arqueológicos são usados como pistas para MotoCross, jipes e outros veículos, a ocupação humana ao redor também contribui para a destruição. Existe uma lei Federal de 1961 que os protege , mas a falta de conhecimento sobre a importância de se preservar esses lugares faz com que não se cuide e se respeite esses espaços, vamos mudar nossa mentalidade, ajudar a cuidar de nossa História, cobrar dos órgãos competentes que façam a parte deles na preservação e acompanhar as descobertas que os grupos de pesquisas e arqueólogos fazem quando estudam esses sítios.